16 de abril de 2019

Posso

Uma ferida com sangue pisado
Estancado, vertendo febril
Pra um dentro, em si mesmado
De um sentir, então, senil

Enfraquecido coração frenético
Sem dormir, sem pulsar
Num toráxico, esquelético
Desfalecido ao apanhar

Ao fundo de um mundo
Inaudível e enclausurado
Fez morada em segundos
Que em anos se fez fadado

Esquecido por ansião
Se pegou num anseio
De nova emoção
Não, porém, sem receio

Revirou seu poço
Esbravejou seus “possos”
Reencontrou-se moço
Reergueu destroços

Colou seus cacos
Ainda que com medo
Pois um ego intacto
Não se percebe cedo

Cavou mais uma vez
Contudo pra cima
Desenterrando-se insensatez
Que só a entrega firma

Do lado de fora
Custou a acreditar
Entretanto sem demora
Parou de se privar

E topou cair
Em si e no outro
Porque queria sentir
O que parecia estar morto

E de súbito sorriu
Ao reparar-se sem dor
Suas almas despiu
Ao (re)descobrir (o) que era amor

Nenhum comentário: