30 de setembro de 2023

Arco Íris

Sinto falta de coisas que não eram reais
A promessa de choro
O Sol lambendo com fogo
A proteção dos meus ancestrais
Meu banho agora sem louro
O silêncio dos olhos em coro
No fundo da cidade, vitrais

O encaracolar do cabelo do céu
Preso da luz sob o véu
As leituras de búzios e cartas
De um destino que não se farta
Na descida que engole dor e faca
Não há cor que se faça
Na sombra que se projeta e disfarça

Com pincel um rabisco tímido e fiel
Separa linhas que nunca se cruzam
Se a cobra se encobre em si
Não deixando vidas ao léu
Os escorpiões sempre se usam
Não sabem o que vai aqui
Pois não sabem o que é seu

Do degrau mais gelado
Piso descalço e brando
No arpejo a mim fadado
Ser a sina do arco íris branco
Nas asas da fênix albina
Que decanta e desatina
Sofre e se aproxima
Da continuidade do seu fim
Dor e amor que são um em mim

Fonte de água fria e espessa
Faz com que ninguém esqueça
Não há nada que te proteja
Não há falta que se complete
Proximidade que não se repele
Ou vida que se protele
A história sempre se repete

Quero ir, não sou daqui
Pra ver o mar e rir
Pra deixar a falta se expandir
Olhar o espelho abrir
Me abraçar, me cobrir
Me nascer, colorir

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