27 de abril de 2022

Mudo

Tenho medo

Do céu que se fecha

Do Sol e seu feixe

E que a luz revele

E eu me desvale


Que o ramo sem amor

Deixe nú meu vale

E que não valha o andor

Não resvale minha dor

Que seja verde minha cor

E resguarde meu rancor


Uma palavra punhal

Ainda que roxa de tônus

E vontade animal

Me deixa só o ônus

Das águas zodiacais

Das datas sazonais

Dos ventos cardiais


Verte vontade

Falta norte

Verte choro

Ver-te ao sul

Dá saudade azul

Que engulo em coro

De um leste a oeste nulo

E eu no centro

Disfarço rosa

Disfaço prosa

Do ensimesmado

Mudo

Aprisionado

Surdo

Desmaiado


Natimorto destino

Que sem rumo, sem sino

Desagua em foz mínimo

Sem ronronar felino

Sem fim, ínfimo

Sem chance, Sísifo

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