3 de março de 2011

Prece

Vamos esperar o quê?
O rancor embasar o vento
E a circulação ser assim ódio?
A fadiga domar o meu intento
Sendo eu o dono do ócio?

Na janela você não sobe
Na escada você não passa
Tento decifrar parcos sinais
Mas minha ansiedade fode
Em nada disso há graça
Displicente, sofro mais

Vou eu entender quanto?
Deste mundo avesso
Por que dilacero-me tanto?
Se logo, logo me esqueço

Prostrado eu analiso
Sentencio a minha insensatez
Na ausência revitalizo
A minha lucidez
Momentos assaz fastigantes
Em cenário, pasme, cego
Eu não sou nada de antes
Permanece ferido meu ego

Vou eu continuar a sofrer?
O filme passa na mesma bandeja
Há nos meus olhos algum você?
A autópsia se dará nessa mesa
Será ponto final neste entardecer?
Relevante minha braveza

Um ‘não-há’ se estabelece
Nada mais me entristece
E você, não vem mesmo com prece?

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