O centro sempre foi cinza
Mas agora esfriou dois tons
Não tem samba, nem ginga
Se tem, não identifico os sons
Praças cheias de vazio
E de pessoas sem feição
O vento insiste num assobio
Quando dobro a São João
A cidade se acaba em chuva
A apatia emudece meu canto
A nuvem me dá uma surra
Estatelado engulo o pranto
Desfaleço numa Sé sem fé
O ruído do tempo me faz mal
Rumo só e atemporal a pé
Descanso só se tem temporal
Ruas entalhadas sem emoção
Serenam um amor sem verdade
A porta cerrou sem comoção
Uma lágrima inundou a cidade
Copas se iludem em Morse
Sombras se fundem à intensidade
Por mais que a memória force
Não havia sinais de piedade
E a cada consumir da ira
Recordo de sua inclemência
Certo que meu valor não é pira
Deixo pra trás a sua demência
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