23 de janeiro de 2023

Centro

O centro sempre foi cinza

Mas agora esfriou dois tons

Não tem samba, nem ginga

Se tem, não identifico os sons


Praças cheias de vazio

E de pessoas sem feição 

O vento insiste num assobio

Quando dobro a São João 


A cidade se acaba em chuva

A apatia emudece meu canto

A nuvem me dá uma surra

Estatelado engulo o pranto


Desfaleço numa Sé sem fé 

O ruído do tempo me faz mal

Rumo só e atemporal a pé 

Descanso só se tem temporal


Ruas entalhadas sem emoção 

Serenam um amor sem verdade

A porta cerrou sem comoção 

Uma lágrima inundou a cidade


Copas se iludem em Morse

Sombras se fundem à intensidade

Por mais que a memória force

Não havia sinais de piedade


E a cada consumir da ira

Recordo de sua inclemência

Certo que meu valor não é pira

Deixo pra trás a sua demência 









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