Desassociei
Fiquei no vácuo do eco
Engoli o éter a seco
Não cheirei
Seu perfume que a rosa exalou
Não cantei, não chorei
Acabei inundando a planta
A beleza da memória é tanta
Tropeço e faço assustar
Bebo e caminho no ar
Falo o que sonho ou deixo acordar?
Canto ou deixo passar?
Uma antiga canção de ninar
Se ocorre do coração cantar
Não sei o que devo falar
Se essa flor já fui de beijar
Com a certeza que devo chorar
Volto ao jardim do Éden
Eu sozinho em lua cheia
Meu cancioneiro sem roseira
Meu candeeiro sem candeia
Apago meu fogo com areia
Se não brilho, não clareia
Minha noite falta estrela
Pra trocar meu fim
Pra recuperar meu rim
Quero chegar mais perto de mim
Minha memória continua distorcida
E aberta a ferida
Meu olho continua vedado
Sísifo continua encarregado
Troco a pele, troco o fardo
Da cobra? Sou seu melhor lado
Invento meu próprio pecado
Mesmo que me dê sermão
Repleto de daimon
Sou um grande cânion
Não é só um buraco em mim
Sem asa, sem pulmão
Cheguei à beira e pulei
Cavei meu rim com a mão
Fui me entorpecer e voltei
Desassociei
Nenhum comentário:
Postar um comentário