26 de junho de 2025

Vácuo do Eco

Desassociei

Fiquei no vácuo do eco

Engoli o éter a seco

Não cheirei

Seu perfume que a rosa exalou

Não cantei, não chorei

Acabei inundando a planta

A beleza da memória é tanta

Tropeço e faço assustar

Bebo e caminho no ar

Falo o que sonho ou deixo acordar?

Canto ou deixo passar?

Uma antiga canção de ninar

Se ocorre do coração cantar

Não sei o que devo falar

Se essa flor já fui de beijar

Com a certeza que devo chorar

Volto ao jardim do Éden

Eu sozinho em lua cheia

Meu cancioneiro sem roseira

Meu candeeiro sem candeia

Apago meu fogo com areia

Se não brilho, não clareia

Minha noite falta estrela

Pra trocar meu fim

Pra recuperar meu rim

Quero chegar mais perto de mim

Minha memória continua distorcida

E aberta a ferida

Meu olho continua vedado

Sísifo continua encarregado

Troco a pele, troco o fardo

Da cobra? Sou seu melhor lado

Invento meu próprio pecado

Mesmo que me dê sermão

Repleto de daimon

Sou um grande cânion

Não é só um buraco em mim

Sem asa, sem pulmão

Cheguei à beira e pulei

Cavei meu rim com a mão

Fui me entorpecer e voltei

Desassociei




 


Nenhum comentário:

Postar um comentário