O estômago me afronta
A noite adentra
Ou talvez o dia
Entranha sedenta
Que desassossega
E disassocia
Sangue e lágrima
Que verte e silencia
O palato se encolhe
Antebraço queima
Meu peito em ruínas
Que a mente escolhe
E o pulso desafina
O olho teima
A bacia treme
O olho titubeia
Quadrado ou frame
A cena é a mesma
Hades anseia
A figura arqueia
No peso do mar
Se morre a sereia
O chão que falta
O ar não passeia
Doses de pulsão
Que a raiva despenteia
No centro do universo
A dor em reconvexo
Buraco de bala no plexo
Destrói cada verso
Cada carta, pauta
Sobra a falta
Sobra a raiva
A dor na cervical
O cordão umbilical
O nojo intestinal
A mudez verbal
A língua dormente
E o dedo que formiga
Se unem no vacilo
Para um último estribilho
A força é de quem sente
A realidade é amiga
Abra os olhos e siga
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